sexta-feira, novembro 19, 2004

 
Olhares mais atentos decerto já repararam que os meus posts mais recentes não têm título. E daí? Este também não tem. Se dá para escrever posts sem título, porque não? É mais um recurso estilístico da nova escola. Devia ter posto escola entre aspas. Tenho sempre o backspace para voltar atrás, mas, em solidariedade com a comunidade que escrevia numa arcaica máquina de escrever, vou deixar estar. Imagino o pânico que seria escrever um extenso texto de 5000 palavras e escrever maç~a em vez de maçã na penúltima frase. Horas e horas de trabalho amarrotadas e num cesto com outras horas e horas de trabalho, igualmente amarrotadas. Bela metáfora. Ainda por cima, nesse tempo, não se reciclava. O papel que não se gastou assim. Mas há sempre gajos que se desenrascam. O Saramago, por exemplo, tinha claramente a tecla das vírgulas avariada e foi ganhar um NOBEL. E há aqueles que escrevem direito por linhas tortas, o que é um bocado esquesito, mas estamos a falar de Deus portanto podemos desafiar as leis da física. Agora já me apetecia escrever um título, mas vou ser coerente com as palavras iniciais e não o vou fazer. Mas escreveria "Indagar". Até está no tema (qual tema?) e desafio alguém que esteja a fazer um discurso sério, a aplicar esse verbo sem se rir. Pelo menos sem esboçar um sorriso.
"-Mas alguém toma uma decisão e começa a indagar, questionar, problematizar, fazer perguntas: o que é pensar?"
"-O quê que este gajo acabou de dizer? "- em surdina.
"-Não sei... 'começa a pedalar' pareceu-me."
"-Não pode ser. Não faz sentido. Acho que disse 'começa a ter vinho no lagar'."
"-Talvez. Olha lá seria Indagar?"
"-Indagar? 'Tás parvo!"
E riem-se.

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